IV Seminário de Biossegurança e Bioproteção destaca avanços na capacitação para laboratórios NB4
Tive a honra de assistir às palestras e acompanhar toda a programação do IV Seminário de Biossegurança e Bioproteção, realizado no dia 7 de outubro, na Escola Superior de Guerra (ESG), no Rio de Janeiro. O evento marcou um espaço essencial de diálogo entre Defesa, Saúde e Ciência, reafirmando o compromisso nacional com a cooperação interinstitucional e a construção de capacidades frente às ameaças biológicas.
Com um público formado por profissionais da saúde, segurança, pesquisadores e gestores, a programação promoveu reflexões sobre a prontidão e a resposta a emergências biológicas em especial, sobre o papel da capacitação técnica e científica na consolidação da Cultura de Biossegurança e Bioproteção no Brasil.
O destaque da manhã: capacitação em laboratórios de alta contenção
Entre as palestras de maior impacto, destaco a apresentação da Dra. Tatiana Ometto de Araújo, pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM/MCTI), sobre o Programa de Capacitação e Treinamento em Laboratórios de Alta e Máxima Contenção – ORION.
O projeto ORION representa um marco histórico para a ciência latino-americana. Trata-se do primeiro laboratório de nível de biossegurança 4 (NB4) da região e o primeiro do mundo a ser integrado a uma fonte de luz síncrotron, o Sirius, localizado em Campinas (SP). Essa integração permitirá observar com detalhes sem precedentes a estrutura e o comportamento de patógenos de alto risco biológico, promovendo avanços em diagnóstico, vacinas e terapias.
Com previsão de conclusão em 2026, o ORION será uma infraestrutura de 20 mil m², financiada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) dentro do Novo PAC, e supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A estrutura contará com laboratórios NB2, NB3 e NB4, além de espaços de pesquisa analítica e microscopia avançada.
Treinamento e fortalecimento científico:
Durante a palestra, a Dra. Tatiana destacou o Programa de Treinamento e Capacitação em Biossegurança NB3 e NB4, conduzido pelo CNPEM, que visa formar profissionais aptos a trabalhar em ambientes de máxima contenção biológica.
Esse programa é inédito no Brasil e utiliza um laboratório mock-up, réplica realista de um NB4, para simulações seguras de protocolos de contenção. A iniciativa reforça a importância de investir em pessoas, garantindo que o país desenvolva competências locais em áreas estratégicas da biossegurança e bioproteção até então restritas a poucos centros no mundo.
Mais do que uma obra de engenharia, o ORION simboliza um marco para a ciência brasileira: uma resposta concreta à necessidade de o país investigar, prevenir e enfrentar crises sanitárias com autonomia e excelência científica.
E a pergunta que fica é já é possível realizar esse nível de treinamento em biossegurança no Brasil?
Sim. Essa conquista representa uma vitória significativa para a pesquisa e a formação científica nacional, demonstrando que o país avança não apenas em infraestrutura, mas também na capacitação de pessoas e na consolidação de uma cultura de biossegurança moderna e colaborativa.
Um evento de integração e inspiração
O seminário ainda contou com contribuições valiosas de instituições como o IBEx, Fiocruz, MAPA, HFA, e IEC/MS, que apresentaram iniciativas voltadas à vigilância, diagnóstico e resposta a emergências biológicas.
A diversidade de temas e perspectivas reforçou que a biossegurança é uma responsabilidade compartilhada, dependente do diálogo constante entre Defesa, Saúde, Ciência e Sociedade. A transversalidade proposta pelo evento reflete a visão One Health (Saúde Única) integrando saúde humana, animal e ambiental em uma estratégia comum de proteção.
Participar do IV Seminário foi uma experiência inspiradora. Ver o comprometimento de tantas instituições e cientistas em fortalecer a biossegurança brasileira desperta admiração e esperança.
O Projeto ORION, em especial, representa um divisor de águas não apenas por sua infraestrutura de ponta, mas por seu potencial de transformar o Brasil em protagonista da pesquisa em patógenos de alto risco.
Senti orgulho de ver a ciência brasileira avançando com cooperação, excelência e compromisso com a vida.
Referências
BRASIL. Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). Projeto ORION: Complexo Laboratorial para Pesquisas Avançadas em Patógenos. Campinas: CNPEM, [2024]. Disponível em:https://cnpem.br/orion/
Produzido por Danielli Freitas dos Santos, mestranda em Defesa Biológica (IBEx), com foco em Biossegurança.


Biossegurança e Bioproteção
Explorando práticas essenciais para a saúde pública.
Perguntas Frequentes
O que é biossegurança?
Biossegurança é um conjunto de práticas para prevenir riscos biológicos em ambientes de pesquisa e saúde.
Como obter certificações?
As certificações podem ser obtidas através de processos específicos que envolvem documentação e auditorias por órgãos competentes.
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